As emissoras de rádio e televisão abertas sempre obtiveram seu capital e seu lucro do investimento de anunciantes. Com o advento da rede mundial de computadores, era apenas natural que outras mídias adequassem-se a esse modo de atuação no mercado, isto é: que gravadoras, editoras, produtoras de televisão e estúdios cinematográficos disponibilizassem seus produtos gratuitamente na rede, obtendo em troca seu capital e seu lucro do investimento de anunciantes; ora, é exatamente assim que os grandes sítios eletrônicos de pirataria se mantêm, e era exatamente assim que as empresas de mídia tradicionais poderiam estar se mantendo hoje, se assim tivessem decidido fazer quando ainda era tempo.
Essas empresas, porém, não souberam se adequar ao novo estado de coisas. Hoje, nós nos vemos ameaçados de ter que pagar pela inépcia dessas empresas, que pretendem impor à humanidade um retrocesso cultural, não para garantir a perpetuação dos interesses do capital (o capital vai muito bem, obrigado, mesmo com a pirataria), mas sim para impedir que esse capital mude de dono, para impedir que novas empresas de mídia, empresas nascidas na e da própria rede mundial de computadores, substituam-nas em seu reinado de exploração do mercado midiático.
Tais empresas bem que gostariam de poder nos convencer de que a abolição dos direitos autorais patrimoniais seria um golpe mortal para o modo de produção capitalista; mas esquecem-se de confessar que foi justamente sua incompetência e falta de visão comercial que gerou a atual situação, em que é preciso escolher entre abolir os direitos autorais patrimoniais ou perseguir inocentes que, no geral, apenas obedecem aos delírios de consumo e aquisição de novidades midiáticas que essas mesmas empresas incitaram, ao fomentar a cultura de massa (ou, o que é pior, perseguir pessoas que se servem da pirataria como meio de acesso livre a conhecimentos especializados que, antes, eram quase que monopólio dos meios acadêmicos).
Qual vai ser o desfecho dessa história, eu não sei. Mas uma coisa nós precisamos deixar bem clara para todos que queiram (ou não queiram) ouvir, e desde já: nós nos recusamos a pagar pela estupidez alheia, nós NÃO vamos pagar pela estupidez alheia; e, principalmente, nós de modo nenhum permitiremos que mais uma vez na História a estupidez alheia nos condene à estupidez.
INFORMAÇÃO LIVRE, GRATUITA E DE QUALIDADE PARA TODOS!
DIGAM "NÃO" À CRIMINALIZAÇÃO DO COMPARTILHAMENTO PACÍFICO DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO!
Pedro Carrasqueira é discente do BCH - Filosofia
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