Miriam Belchior, ministra do Planejamento, recebe as cartas das três categorias em Greve na Universidade Federal do ABC: discentes, docentes e técnicos administrativas. |
"Sra. Presidenta, decidimos nos manifestar por meio desta
carta aberta, que apresentamos nesta audiência pública, a urgência do
atendimento das reivindicações grevistas que se alastram por quase todas as
universidades federais, por todo o Brasil. Estamos diante de um contexto de
desagrado nacional em torno do ensino público, reflexo da baixa valorização
dada ao setor, sem sombras de dúvidas, que reconhecidamente deveria ser
essencial. De fato, ocorreu-se grandes e importantes expansões no acesso a Universidade,
todavia sem se preocupar com a estruturação necessária para que ela mantenha-se
como um espaço de conhecimento, de conquistas e de pluralidade. A recusa em
negociar com a categoria docente e técnicos administrativos, a precarização de
instalações, salas, laboratórios, espaços estudantis e o não reconhecimento dos
discentes como categoria que constrói politicamente a Universidade se somam à
lista de reivindicações em todas instituições federais paralisadas, e os
discentes da Universidade Federal do ABC não poderia deixar de pontuá-las ao
momento.
Em 4 de junho de 2012, com mais de mil estudantes presentes,
deflagramos Greve Estudantil aderindo às paralisações por tempo indeterminado
de docentes e técnicos administrativos. A adesão marca não só manifestação de
apoio às reivindicações de professores e técnicos administrativos, como a
necessidade que os alunos enxergaram para marcar seus desejos por uma maior
autonomia discente, e objetivar avanços em ensino, infraestrutura, acesso,
assistência e representatividade estudantil.
A Universidade Federal do ABC cumpre um importante papel
simbólico neste movimento exatamente por estar localizada e ser fruto do berço
das lutas grevistas e dos movimentos sociais. Mais do que cientes disto, os
discentes entendem que é fundamental que a sociedade civil tome conhecimento da
real situação do ensino superior no Brasil, onde a voz de professores e
servidores da educação é constantemente abafada, seja através deste desprezo de
quem nos governa e não nos atende, seja através da indiferença dos meios de
comunicação. Mais uma vez queremos provar que lutas como esta mudam como um
país enxerga a si mesmo e é uma pena que pessoas que no passado se dedicaram
aos mesmos motivos grevistas tenham hoje se esquecido por conveniência política.
Fazendo votos de que esta carta chegue a seu destino e que
cumpra seu papel, os alunos da UFABC continuam demonstrando sua força e o
desejo que abra-se o diálogo definitivo com o movimento.
COMANDO DE GREVE DISCENTE DA UFABC"
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